Compliance[1] e organização na condução do negócio certamente figuram entre as características mais importantes quando se pensa em gestão empresarial. Nesse sentido, as chamadas Demonstrações Financeiras têm um papel determinante na rotina de negócios, sobretudo aqueles que prezam pela conformidade com a legislação e normas internas e profissionalismo em suas atividades.
Hoje, atuar de maneira competitiva e estratégica, sem dúvida, requer a adoção de práticas contábeis e o atendimento a determinadas normas em termos de escrituração. Além de garantir mais controle e transparência à gestão, os relatórios e os números são primordiais para a tomada de decisão e, mais ainda, para a captação de novos investimentos.
Diante dessa realidade, preparamos este conteúdo para falar um pouco mais sobre a importância das Demonstrações Financeiras dentro de uma empresa, mostrando como elas podem contribuir para o seu desenvolvimento estratégico. Acompanhe!
[1] compliance tem origem no verbo em inglês “to comply”, que significa agir de acordo com uma regra, uma instrução interna, um comando ou um pedido, ou seja, estar em “compliance” é estar em conformidade com leis e regulamentos externos e internos.
O que são as Demonstrações Financeiras?
De forma bastante resumida, pode-se dizer que as Demonstrações Financeiras estão para a administração e investidores, como um painel de controle está para o piloto de um avião. Ali são apresentados dados fundamentais sobre a posição financeira, o desempenho e os resultados das operações da empresa e que servem para o empresário tomar suas decisões, para prestar contas aos investidores, comunicar ao mercado em geral os resultados da empresa, mensurar os riscos envolvidos em suas atividades, e comparar todas estas informações com outras empresas do mercado, explica Vania Muzel, diretora associada da IRKO Hirashima, segmento de auditoria e consultoria do Grupo IRKO
Ou seja, as Demonstrações Financeiras representam um acervo informativo essencial do negócio, no qual são divulgados dados relativos às movimentações financeiras, resultados alcançados, entre outros, que auxiliam no entendimento do desempenho da empresa, tanto para quem está dentro dela, conduzindo as decisões, quanto para quem está fora, buscando oportunidades para investir.
Qual a importância dessas demonstrações?
Diante desse conceito básico apresentado, no entanto, é preciso aprofundar um pouco e contextualizar a importância das Demonstrações Financeiras, fazendo um destaque para os “usuários internos” e “usuários externos”.
Os usuários internos compreendem os Administradores do negócio, composto pelo Conselho de Administração ou o “Board of Directors”, ou simplesmente “Board”, e os Executivos, tais como o Diretor Presidente e o Diretor Financeiro, também conhecidos pelos termos em inglês, “Chief Executive Officer” ou CEO e “Chief Financial Officer” ou CFO. Cada empresa tem sua estrutura, com outros diretores, responsável por compliance, tecnologia da informação, marketing, entre outros.
Por outro lado, os usuários externos são os chamados Stakeholders, os quais não operam os negócios da Companhia no dia a dia, embora possam ser influenciados pelos resultados dela. Logo, estamos falando dos investidores, dos bancos, dos órgãos reguladores, da Receita Federal etc.
Feita a definição dessas duas categorias, é possível compreender melhor a importância das Demonstrações Financeiras para um negócio e perceber que elas estão diretamente relacionadas a necessidade de redução da “assimetria de informações”, isto é, diminuir a distância ou a diferença entre as informações disponíveis aos usuários internos e as informações disponíveis aos usuários externos — cujas implicações fundaram a base daquilo que conhecemos hoje como Governança Corporativa.
Ou seja, “a Demonstração Financeira democratiza o acesso à informação de uma empresa e torna sua comunicação uniforme ao seguir as normas contábeis. Muitos profissionais da área contábil costumam dizer que a principal finalidade das Demonstrações Financeiras está relacionada ao auxílio na tomada de decisões por parte dos administradores.
Porém, sabemos que situações nas quais existem assimetria de informações fazem com que os usuários das Demonstrações Financeiras (tanto internos quanto externos), não tenham em mãos bases confiáveis, o que pode dificultar ou até mesmo inviabilizar um aporte financeiro, por exemplo”, complementa Vânia.
De forma mais abrangente, podemos concluir que as Demonstrações Financeiras, além de servir como um painel de controle para o empresário, permitem também reduzir as diferenças informacionais entre os usuários da informação contábil, consequentemente, permitindo uma tomada de decisão mais eficaz e acertada conforme a necessidade de cada usuário da informação.
O que é necessário para compor boas Demonstrações Financeiras?
Esta é uma questão muito ampla que envolve vários estágios na sua preparação. O primeiro passo para boas demonstrações financeiras são bons controles internos Bons controles internos são aqueles que reduz o risco de perda dos bens da empresa e ajuda a garantir que as informações geradas sejam completas e precisas, confiáveis, tempestivas e de acordo com as disposições das leis e regulamentos aplicáveis.
Considerando que uma empresa tenha bons controles internos, quando a administração gera um balancete, com todas as contas conciliadas e suportadas pelos sistemas e documentação que geraram os lançamentos contábeis, a administração está no caminho de certo para elaborar Demonstraçôes Financeiras de boa qualidade.
Eu digo no caminho certo porque há mais etapas envolvidas. Os profissionais da área contábil reconhecem que o fator determinante para uma boa Demonstração financeira não está, diretamente, ligado apenas à documentação que a suporta — o que não quer dizer, porém, que tal documentação não seja importante. Antes de comentar sobre esta nova etapa, vou destacar o que chamados de Estrutura Conceitual, a base sobre a qual as normas contábeis são construídas.
De acordo com a Estrutura Conceitual (CFC, 2010), o objetivo das Demonstrações financeiras é o de fornecer informações úteis relacionadas à entidade que a reporta.
Uma boa demonstração financeira — independentemente da documentação — é aquela cujos usuários sentem-se satisfeitos no que diz respeito à compreensão das transações e operações econômicas por ela divulgadas, por meio de informações úteis, relevantes, tempestivas e comparáveis.
Esse destaque é importante, pois de nada adianta a administração ter em mãos um arcabouço robusto de documentos capazes de suportar cada um dos registros contábeis, mas não ser capaz de divulgar essas informações de forma útil e correta, conforme aponta a estrutura conceitual. E neste contexto, o contador é peça chave inclusive para traduzir aquelas informações técnicas em informações compreensíveis para o usuário das informações que não, necessariamente, tem conhecimento de contabilidade.
A importância da documentação está relacionada a um dos princípios fundamentais das boas práticas de Governança corporativa, que é o princípio da Prestação de contas, ou “accountability” (IBGC, 1995), por meio do qual o contador se assegura de que todas as informações por ele divulgadas, nas Demonstrações financeiras, são “passíveis” de serem examinadas pelos usuários, entre os quais se destacam, principalmente, os fiscais da receita federal, e os Auditores independentes que, efetivamente, tem acesso a documentação detalhada para realizarem seus trabalhos.
Como esse conceito se insere na rotina de uma empresa?
Manter essa documentação em dia envolve duas frentes. A primeira, diz respeito às práticas contábeis, ou seja, os eventos registrados devem seguir adequadamente as normas e práticas contábeis aplicáveis à jurisdição da empresa e respectivo órgão regulador, no caso do Brasil são as normas expedidas pelo Comitê de Pronunciamentos Técnicos (CPC), aprovados pelo Conselho Federal de Contabilidade. Os órgãos reguladores são a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Conselho Monetário Nacional (CMN), a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC).
A administração precisa garantir, com o apoio de seu contador, que a aplicação adequada destas normas estejam suportadas por documentos fidedignos, válidos e atuais, de tal forma que um outro contador, em posse das mesmas informações, também chegaria nas mesmas conclusões divulgadas nas referidas Demonstrações Financeiras.
A segunda frente, mais simplista, envolve justamente a salvaguarda dessa documentação. Os documentos contábeis são a base informativa da escrituração e dos registros obrigatórios feitos pela contabilidade. Eles reúnem dados relativos à movimentação financeira do negócio, aos registros contábeis e também são necessários para o cálculo de obrigações principais e manutenção das obrigações acessórias na rotina fiscal.
Na prática, diferentes documentos servem como base para os lançamentos contábeis, dentre eles, podemos destacar:
● notas fiscais de entrada, que se referem à compra de bens e à aquisição de serviços;
● notas fiscais de saídas, referentes às vendas de produtos e à prestação de serviços;
● extratos bancários com o registro das movimentações financeiras da empresa;
● duplicatas a pagar;
● comprovantes de pagamentos de gastos (custos e despesas), empréstimos e dividendos;
● cópias de cheques emitidos;
● comprovantes de créditos e débitos bancários.
Quais os principais tipos de Demonstrações Financeiras?
Existem dois principais tipos de Demonstração Financeira. O primeiro, conforme a estrutura conceitual, é chamado de Relatório Financeiro para Fins Gerais (CFC, 2019).
Nessa categoria, se encaixa o conjunto clássico de Demonstrações Financeiras que as empresas emitem ao término de seu exercício fiscal, o que inclui:
● Balanço Patrimonial;
● Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
● Demonstração do Resultado Abrangente (DRA);
● Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL);
● Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC);
● Demonstração do Valor Adicionado (DVA), obrigatória para empresas listadas na CVM;
● Notas Explicativas.
Estas demonstrações financeiras são divulgadas anualmente, com notas explicativas completas. Mas as empresas de capital aberto, ou seja, que tem suas ações negociadas em bolsa de valores, também emitem Demonstrações Financeiras Intermediárias, regulamentadas pela NBC TG 21 (CFC, 2017).
Esse conjunto de Demonstrações Financeiras Intermediárias serve ao objetivo de, antecipadamente, informar os acionistas sobre os resultados e mutações patrimoniais que ocorrem nas empresas, em períodos intermediários que compreendem um trimestre.
Existem ainda Demonstrações Financeiras de Propósitos Especiais cuja estrutura de relatório financeiro será elaborada para satisfazer às necessidades de informações contábeis de usuários específicos, tais como agências reguladoras.
Como as Demonstrações Financeiras impactam no relacionamento com investidores?
O investidor, sobretudo os não controladores, ou minoritários, tem nas Demonstrações Financeiras da empresa que investe, muitas vezes, a única fonte de informação sobre o ativo em que está alocando o seu capital. Esse fato, por si só, já fornece uma boa dimensão da importância das Demonstrações Financeiras para o investidor, e também para o departamento de relação com Stakeholders.
Assim, é possível concluir que as Demonstrações Financeiras de uma Companhia, entre outras funções, reduz a assimetria de informações em relação aos usuários internos e é chave no processo de governança corporativa, no que tange o aspecto de prestação de contas (accountability).
A relação existente entre as Demonstrações Financeiras e os investidores é justamente possibilitar que estes investidores tenham acesso “simétrico” — ou seja, que as informações divulgadas sejam relevantes e fidedignas — e, com base em tais informações, possam fazer projeções e análises de forma segura, garantindo a qualidade e continuidade de seus investimentos.
Como a IRKO Hirashima pode contribuir nesse sentido?
Em relação ao processo de elaboração das demonstrações e ao relacionamento com os investidores, a IRKO Hirashima pode auxiliar as empresas em diferentes frentes de trabalho. Assim, desde a organização do seu ambiente de controles internos, até a emissão de um relatório de auditoria das Demonstrações Financeiras, podemos contribuir com o negócio.
No mesmo sentido, também temos toda experiência e expertise necessária para elaborar as Demonstrações Financeiras para clientes que ainda não conta com uma equipe com experiência necessária. Além disso, também ajudamos empresas de capital fechado que precisam adequar suas Demonstrações Financeiras já auditadas para a realização de um IPO (Oferta Inicial de Ações), por exemplo.
É importante destacar que, para elaborar boas Demonstrações Financeiras, toda empresa precisa dispor de uma estrutura adequada de controles internos, além de prezar pela observância das práticas contábeis adotadas no Brasil e das normas internacionais de relatório financeiro, as chamadas IFRS – Internationa Financial Reporting Standards, equimitdas pelo IASB, que é o conselho de normas internacionais de contabilidade.
Nesse contexto, a IRKO Hirashima pode contribuir com a oferta de serviços de alta qualidade técnica e estratégica, justamente voltados para a resolução de problemas relacionados à eficiência dos controles internos dos clientes e à correta aplicação das normas contábeis aplicáveis aos clientes.
Por fim, complementa Vânia, a prática de Auditoria Independente pode auxiliar, indiretamente, os clientes em relação a essas duas frentes, promovendo a revisão dos controles internos e das políticas contábeis, sempre, ao final, sugerindo recomendações de melhorias e ajustes necessários — o que pode ser determinante para o crescimento no mercado e para o melhor posicionamento da empresa frente aos investidores.
Gostou deste conteúdo? Tem interesse em otimizar as rotinas contábeis do seu negócio e explorar melhor as oportunidades do mercado? Entre em contato conosco e saiba como podemos ajudar!